"I think everything in life is art. What you do. How you dress. The way you love someone, and how you talk. Your smile and your personality. What you believe in, and all your dreams. The way you drink your tea. How you decorate your home. Or party. Your grocery list. The food you make. How your writing looks. And the way you feel. Life is art."

quinta-feira, 10 de março de 2011

30. (Deliciosa) Complacência



Longe estarão eternamente os meus intrépidos tempos áureos. Se algum dia os possuir...
Satisfazia-me deter a vulgar soltura da juventude. A irresponsável, a incontrolável, a hormonal, a inconsciente, a irreflectida soltura jovem. Praticar inúmeras más acções, sem demasiado pecado, ainda que relativamente notórias, ceder a naturais tentações sem ser uma única vez sancionada, deter a sensação instintivamente singular de liberdade mental, e ainda do meu próprio corpo extrínseco.
O vulgar. O vulgar pode por vezes repugnar-me, mas posso porém, nesta peculiar circunstância, invejá-lo. Invejo-o infortunadamente. Mas essa libertação vital do ser não se valida em mim.
Detenho em mim a complacência, aquela disposição "retardada", prisioneira, ainda que adulta, madura aos olhos de quem é espectador. E o mais "fantástico" desta minha característica é que nunca serei rodeada de almas, idolatrada, amada pela minha inexistente capacidade liberta, de diversão, com uma favorável naturalidade, dando-me inteiramente, denominada aquela de "corpo e alma".
Jamais cometerei uma loucura do momento. E no entanto o jamais (no interior do Nunca), é demasiado relativo. Serei sempre privada pelo meu próprio sistema.
Fui, sou, serei fechada sem nunca cessar, para todo o Sempre. O verdadeiro gozo, o prazer, o delicioso gosto, nunca o saborearei fielmente.
Sim, o Sempre é tempo (uma longa duração de fenómenos). É um clique infinito.

2 comentários:

  1. dás um rumo às palavras impressionante. que nem osso duro de roer, agrada-me. agrada-me muito.

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