
Longe estarão eternamente os meus intrépidos tempos áureos. Se algum dia os possuir...
Satisfazia-me deter a vulgar soltura da juventude. A irresponsável, a incontrolável, a hormonal, a inconsciente, a irreflectida soltura jovem. Praticar inúmeras más acções, sem demasiado pecado, ainda que relativamente notórias, ceder a naturais tentações sem ser uma única vez sancionada, deter a sensação instintivamente singular de liberdade mental, e ainda do meu próprio corpo extrínseco.
O vulgar. O vulgar pode por vezes repugnar-me, mas posso porém, nesta peculiar circunstância, invejá-lo. Invejo-o infortunadamente. Mas essa libertação vital do ser não se valida em mim.
Detenho em mim a complacência, aquela disposição "retardada", prisioneira, ainda que adulta, madura aos olhos de quem é espectador. E o mais "fantástico" desta minha característica é que nunca serei rodeada de almas, idolatrada, amada pela minha inexistente capacidade liberta, de diversão, com uma favorável naturalidade, dando-me inteiramente, denominada aquela de "corpo e alma".
Jamais cometerei uma loucura do momento. E no entanto o jamais (no interior do Nunca), é demasiado relativo. Serei sempre privada pelo meu próprio sistema.
Fui, sou, serei fechada sem nunca cessar, para todo o Sempre. O verdadeiro gozo, o prazer, o delicioso gosto, nunca o saborearei fielmente.
Sim, o Sempre é tempo (uma longa duração de fenómenos). É um clique infinito.
Uau , maria :o
ResponderEliminarby : sofia martins
dás um rumo às palavras impressionante. que nem osso duro de roer, agrada-me. agrada-me muito.
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