Tardo em paixões. Frenesim irrequieto, arrebatador, não penetra nem inquieta o meu espírito. Ou os múltiplos espíritos meus. O meu estômago não conhece borboletas matizadas, reprimindo e preenchendo as paredes da carne, conduzindo o coração a um sorvedouro.
Observo. Tudo me parece friamente objecto de estudo, sinopses. O estudo vai resvalando, e demasiados passos em falso vão sendo dados, ainda com uma boa percepção. Esta súbita fraqueza do estudo perecerá, devido ao automático bloqueio tenaz e particular das emoções que levo a efeito. A súbita loucura apaixonante não me alcança nem me estremece os gestos mínimos. E pessoas mexem e remexem comigo, mas não as suas mentes, não o seu feitio, não as suas ensaiadas palavras e olhares previsíveis. Esses acabam por suicidar-se no meu corpo intrínseco, nunca sequer entrando nele. Muitos irão rotular-me de frígida. Frias são as janelas de quem me observa atentamente e ainda assim não decifrarão diante delas a entidade.
Por meios hipotéticos, redigem mentalmente: antipatia, frieza.
Tardo em paixões. Sem conhecer o porquê (não acreditando na teoria da tão néscia, etérea e intrépida idade física com que me encontro), não me deparei ainda com uma forte e particular pontada sentimental, tão intrínseca e fatal, ao ponto de culminar e prender o meu corpo ao âmago do meu ser.
Tardo em paixões. E passivamente dói-me ser assim.
Sem comentários:
Enviar um comentário