"I think everything in life is art. What you do. How you dress. The way you love someone, and how you talk. Your smile and your personality. What you believe in, and all your dreams. The way you drink your tea. How you decorate your home. Or party. Your grocery list. The food you make. How your writing looks. And the way you feel. Life is art."

sexta-feira, 22 de abril de 2011

50. Au loin la mer.


Tardo em paixões. Frenesim irrequieto, arrebatador, não penetra nem inquieta o meu espírito. Ou os múltiplos espíritos meus. O meu estômago não conhece borboletas matizadas, reprimindo e preenchendo as paredes da carne, conduzindo o coração a um sorvedouro.
Observo. Tudo me parece friamente objecto de estudo, sinopses. O estudo vai resvalando, e demasiados passos em falso vão sendo dados, ainda com uma boa percepção. Esta súbita fraqueza do estudo perecerá, devido ao automático bloqueio tenaz e particular das emoções que levo a efeito. A súbita loucura apaixonante não me alcança nem me estremece os gestos mínimos. E pessoas mexem e remexem comigo, mas não as suas mentes, não o seu feitio, não as suas ensaiadas palavras e olhares previsíveis. Esses acabam por suicidar-se no meu corpo intrínseco, nunca sequer entrando nele. Muitos irão rotular-me de frígida. Frias são as janelas de quem me observa atentamente e ainda assim não decifrarão diante delas a entidade.
Por meios hipotéticos, redigem mentalmente: antipatia, frieza.
Tardo em paixões. Sem conhecer o porquê (não acreditando na teoria da tão néscia, etérea e intrépida idade física com que me encontro), não me deparei ainda com uma forte e particular pontada sentimental, tão intrínseca e fatal, ao ponto de culminar e prender o meu corpo ao âmago do meu ser.
Tardo em paixões. E passivamente dói-me ser assim.

Sem comentários:

Enviar um comentário